segunda-feira, 24 de novembro de 2008

“A pausa”


“Na pausa não há música, mas a pausa ajuda a fazer a música”.
Na melodia da nossa vida a música é interrompida aqui e ali por “pausas”... nós, sem refletirmos, pensamos que a melodia terminou.
Deus nos envia, às vezes, um tempo de parada forçada.
Pode ser uma provação, planos fracassados, ou esforços frustrados.
Mas na verdade é preciso fazer uma pausa...
E faz uma pausa repentina no coral de nossa vida.
Mas como é que o maestro lê a pausa?
Ele continua a marcar o compasso com a mesma precisão e toma a nota seguinte com firmeza, como se não tivesse havido interrupção alguma.
Deus segue um plano ao escrever a música de nossa vida...
A nossa parte deve ser aprender a melodia e não desmaiar nas "pausas".
Elas não estão ali para serem passadas por alto ou serem omitidas, nem para atrapalhar a melodia ou alterar o tom. E sim para aprimorar
Se olharmos para cima, Deus mesmo marcará o compasso para nós.
Não nos esqueçamos, contudo, de que “ela ajuda a fazer a música”.
Com os olhos Nele, vamos ferir a próxima nota com toda a clareza sem murmurarmos tristemente: “Na pausa não há música”.
Compor a música da nossa vida é geralmente um processo lento e trabalhoso.
Com paciência, Deus trabalha para nos ensinar!
E quanto tempo Ele espera até que aprendamos à lição!
Lembre-se, a pausa não dura muito, é apenas um tempo suficiente para que você se renove e continue...
Ela apenas serve para continuar a música!!!
Olhe melhor a sua volta... Viva a Vida!
Pare! E aceite a pausa, você merece ser mais amado e amar, sonhar, sorrir, cantar e ser feliz, muito mais feliz!!!

Reserva ( Walter Siqueira)


Quando eu te peço
uma ponta da estrela, um pedacinho,
Tu me dás uma estrela inteira
de faiscar cintilante, de rara beleza
em sua primeira e celestial grandeza
para guiar e iluminar meu caminho...

Se te peço apenas
uma face da lua...
ela me vem formosa e plena
bela e serena
cheia de fulgor e tão crescente
como o Teu amor por toda gente!

Se quero o sol
Astro-rei na sua realeza
Eu o tenho coroado intenso e imenso
de calor e brilho
para aquecer minha fraqueza
como se eu fosse, Teu único filho!

Oh! Meu Deus de bondade
de amor e perfeição!
Oh! Grande Arquiteto do Universo...
Não sei se posso, se devo, mas peço:
como filho, como irmão e como amigo
reserva um pedaço deste Teu céu de infinito azul
tão majestoso e divinal abrigo
para, quando, Tu não me quizeres mais aqui
Eu possa ir, ungido e abençoado
por amor- morar contigo...

Seja - Douglas Malloch (Poeta americano 1877-1938)


Se você não pode ser um pinheiro no topo da colina,
Seja um arbusto no vale, mas seja...
O melhor arbusto do regato.

Se você não pode ser um ramo,

Seja um pouco de relva,
Mas dê alegria a algum caminho.

Se não pode ser almíscar

Seja apenas uma tília,
Mas a tília mais viva do lago.

Nós não podemos ser todos capitães...

Temos que ser tripulação!
Há muita tarefa para todos nós aqui,
Umas grandes e outras menores
E a próxima, é a que teremos que empreender...
Se você não puder ser uma estrada
seja uma senda.
Se não puder ser o sol,
seja uma estrela.
Não é pelo tamanho
que terá êxito ou fracasso,
mas seja o melhor
no que quer que você seja!

Coração devagar... Walter Siqueira

Meu coração não tem pressa...
Deixe-o bater assim compassado,
um compasso de espera
por estar cansado.
Meu coração quer a paz de ficar quieto!
Não quer se afligir numa ilusão fugaz
numa quimera...
Meu coração não tem pressa
Nem pra morrer, confesso...
De tão cansado; espera!
Mas, quando tiver que acontecer
e no instante for preciso;
a Deus, nem peço, aviso:
Deixe-o levitar em paz;
em sossego;mudo!...
Sem prantos e sem apego.
Em serena calma;
para restar, somente em tudo,
A displicente sombra da minh’alma.

trovinhas do meu pai ( Walter Siqueira)

“No meu caminhar sem fim
Pelas ruas onde ando
Vejo um anjo atrás de mim
È Jesus me acompanhando.”


“Há muita fraternidade
E muitos pontos de luz
No caminho e na verdade
Do amado mestre Jesus.”

ARTE DE NÃO ADOECER (DR. DRAUZIO VARELLA)






Se não quiser adoecer - "Tome decisão"
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade,
na angústia. A indecisão acumula problemas,
preocupações, agressões.A história humana é feita de decisões.
Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder
vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas
indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e
problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "Busque soluções"
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os
problemas.Preferem a lamentação, a murmuração, o
pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a
escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de
mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento
negativo gera energia negativa que se transforma em
doença.

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos,
acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores
lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos
sentimentos degenera até em câncer. Então vamos
desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade,
nossos segredos, nossos pecados..
O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e
excelente terapia.

Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre
dar a impressão que está bem, quer mostrar-se
perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de
peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro.
Nada pior para a saúde que viver de aparências e
fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz.
Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.

Se não quiser adoecer - "Aceite-se"
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima,
faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu
mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se
aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores,
competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar
ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom
senso e terapia.

Se não quiser adoecer - "Confie"
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não
se relaciona, não cria liames profundos, não sabe
fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há
relacionamento. A desconfiança é falta de fé.

Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam
a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o
dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor
nos salva das mãos do doutor".

Alegria é saúde e terapia.

Resista um pouco mais... (AD)

Há dias em que temos a sensação de que chegamos ao fim da linha.
Não conseguimos vislumbrar uma saída viável para os problemas que surgem em grande quantidade.
Com você não é diferente. Você também faz parte deste mundo cheio de provas e sofrimentos. Desta escola chamada Terra.
E já deve ter passado por um desses dias, e pensado em desistir...
No entanto vale a pena resistir...
Resista um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que a sua coragem esteja cochilando.
Resista mais um minuto e será fácil resistir aos demais.
Resista mais um instante, mesmo que a derrota seja um ímã... Mesmo que a desilusão caminhe em sua direção.
Resista mais um pouco mesmo que os pessimistas digam para você parar... mesmo que sua esperança esteja no fim.
Resista mais um momento mesmo que você não possa avistar, ainda, a linha de chegada... mesmo que a insegurança brinque de roda a sua volta.
Resista um pouco mais, ainda que a sua vida esteja sendo pesada na balança dos insensatos, e você se sinta indefeso como um pássaro de asas quebradas.
As dores, por mais amargas, passam...
Tudo passa...
A ilusão fascina, mas se desvanece...
A posse agrada, porém se transfere de mãos...
O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa.
O prazer alegra, todavia é efêmero.
A glória terrestre exalta e desaparece.
O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido...
Tudo, nesta vida, tem um propósito...
A dor aflige, mas também passa.
A carência aturde, porém, um dia se preenche.
A debilidade física deprime, todavia, liberta das paixões.
O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita.
A submissão aflige, entretanto fortalece o caráter.
O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se.
A situação muda, como mudam as estações...
O verão brinca de esconde-esconde com a brisa morna, mas cede lugar ao outono, que espalha suas tintas sobre a folhagem.
O inverno chega e, sem pedir licença, congela a brisa e derruba as folhas.
Tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume...
Será o fim? Não! Eis que surge a primavera e estende seus tapetes multicoloridos, espalhando perfume no ar e reverdecendo novamente a paisagem...
Assim, quando as provas lhe baterem à porta, não se deixe levar pelo desejo de desistir... resista um pouco mais.
Resista, porque o último instante da madrugada é sempre aquele que puxa a manhã pelo braço...
E essa manhã bonita, ensolarada, sem algemas, nascerá para você em breve, desde que você resista.
Resista, porque alguém que o ama está sentado na arquibancada do tempo, torcendo muito para que você vença e ganhe de Deus o troféu que tanto deseja: a felicidade...
Não se deixe abater pela tristeza.
Todas as dores terminam.
Aguarde que o tempo, com suas mãos cheias de bálsamo, traga o alívio.
A ação do tempo é infalível, e nos guia suavemente pelo caminho certo, aliviando nossas dores, assim como a brisa leve abranda o calor do verão.
Mais depressa do que supõe, você terá a resposta, na consolação de que necessita.
Por tudo isso, resista... e confie nesse abençoado aliado chamado TEMPO.

“Senhor, conceda-me a serenidade necessária para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as que eu posso e sabedoria para distinguir umas das outras.”

No dia em que você nasceu (AD)


No dia em que você nasceu, os anjos tristes por sua partida, entoaram hinos harmoniosos e angelicais.
Era uma despedida entre irmãos... Anjos de asas transparentes, anjos sorridentes que juntos brincavam no céu. A separação doía. Não queriam ficar longe de você, anjo travesso e feliz.
Foi então que tiveram uma idéia: A cada ano de vida terrestre, um anjo desceria e ficaria ao seu lado, assim a cada ano, um deles lhe faria companhia aproveitando para matar as saudades...
A idéia foi aceita e festejada por todos. Depois daquele dia, você nunca mais ficou só. Cada novo aniversário, um anjo desce e fica ao seu lado. Sua proteção sempre foi muito grande porque nada é mais forte que a pureza dos anjos e do amor dos amigos.
Hoje é seu aniversário, dia da troca da guarda, e eu, gostaria muito de ser um deles, para ficar com você espalhando luz e amor ao seu redor. Mas, como não posso, dou-lhe meu abraço, meu carinho e minha prece, para que seu anjo da guarda seja tão iluminado quanto você...

Me ame assim... Ângela Bretas



Sua boca...
Seu cheiro...
Seus beijos...
Suas mãos...
Sua voz...
Sua barba...
Roçando minha pele
Me arrepiando de desejos...
Seu jeito de sorrir
De me amar
De me sentir
Me levando às nuvens...
Me carregando em seus braços...
Com carinhos e cuidados...
Com um brilho no olhar...
Com a paixão a palpitar...
Me dá vontade de ficar,
Para sempre...
Juntinhos
Só nós dois... sozinhos
Me queira sempre assim...
Com um amor que não tem fim...
Como um sonho bom da vida...
Que me presenteou com você...
Sarando assim minha ferida!

sábado, 22 de novembro de 2008

Ao mestre com carinho...( Para Antônio Roberto Fernandes)

Foi o poeta... Ficou sua poesia. Foi o artista... Ficou sua arte. Mãos que escreveram belas poesias. Certamente com esses atributos que Deus lhe deu, deixou um grande legado que falará por si através dos tempos e gerações. Diz-se que só morre quem é esquecido, e acho que é mesmo verdade...Você continuará vivo nas memórias dos amigos que soube com tanto carinho cultivar. Que Deus te guarde pertinho dele já que Ele o levou como que nas asas de um anjo e com muita leveza... Ele sabia que você merecia, pelo seu jeito calmo e manso, pela sua serenidade e tranqüilidade de viver... Resta-nos orarmos para que Ele também dê forças aos seus familiares e amigos que estão sofrendo, com a dor da separação física. Que Deus os ajude a atravessarem esses momentos, e no futuro deixe que fiquem apenas as doces lembranças, pois essas, nunca se apagarão e você será sempre lembrado com ternura, amor e carinho com os quais conviveram. Campos, vai sentir muita saudade da sua presença sempre amiga, das suas palavras que estarão ecoando em nossas mentes através da lembrança deste grande poeta, trovador e escritor que você foi. Obrigada por nos permitir ter sua poesia em nossas vidas... Descanse em paz mestre das letras... Nós sabemos que a morte não é o fim, e sim o renascimento para a vida eterna...

amigos

“Escolho os meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também a sua maior alegria. Amigo que não ri conosco não sabe sofrer conosco. Os meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois vendo-os loucos e santos, tolos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril." (Oscar Wilde)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Meu Testamento

"Um dia, após certifica-se de que as funções vitais de meu cérebro cessaram, um médico atestará meu óbito.Quando isso ocorrer, não tente prolongar minha vida artificialmente.Em lugar disso, dê minha visão a quem nunca viu o nascer do sol,o rostinho de uma criança ou o amor nos olhos de uma mulher.Dê meu coração a quem sempre sofreu distúrbios cardíacos.Dê meus rins para quem depende da máquina para existir a cada dia .Tire meu sangue, meus ossos, cada músculo e nervo do meu corpo, mas arranje um jeito de fazer uma criança aleijada andar sozinha.Explore cada centímetro do meu cérebro.Tire minhas células, se necessário, e deixe-as crescer para que um dia, um garotinho mudo possa gritar quando seu time marcar um gol, ou uma menina surda possa ouvir o som da chuva batendo na janela.Queime o que restar de mim, e atire as cinzas ao vento para que ajudem as flores a crescer.Mas se você quiser enterrar alguma coisa de mim, que sejam as minhas fraquezas, minhas falhas e todo preconceito que eu possa ter tido para com o próximo.E se você quiser lembra-se de mim, faça-o através de uma boa ação ou palavra amiga a qualquer pessoa necessitada.Se você fizer tudo que pedi, viverei para sempre..."

Antônio Alves
(Extraído da Revista Espírita Allan Kardec)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Para refletir...

O texto “A liberdade de ver os outros”, é de David Foster Wallace, que se suicidou no mês passado, aos 46 anos. O artigo foi tirado de seu discurso de paraninfo para formandos do Kenyon College. Abaixo, copio e colo um trecho:
“(…) A única coisa verdadeira, com V maiúsculo, é que vocês precisam decidir conscientemente o que na vida tem significado e o que não tem.Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como ‘não venerar’. Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar. E o motivo para escolhermos algum tipo de Deus ou ente espiritual para venerar – seja Jesus Cristo, Alá ou Jeová, ou algum conjunto inviolável de princípios éticos – é que todo outro objeto de veneração te engolirá vivo.
Quem venerar o dinheiro e extrair dos bens materiais o sentido de sua vida nunca achará que tem o suficiente. Aquele que venerar, seu próprio corpo e beleza, e o fato de ser sexy, sempre se sentirá feio e quando o tempo e a idade começarem a se manifestar, morrerá um milhão de mortes antes de ser efetivamente enterrado.No fundo, sabemos de tudo isso, que está no coração de mitos, provérbios, clichês, epigramas e parábolas.
Ao venerar o poder, você se sentirá fraco e amedrontado, e precisará de ainda mais poder sobre os outros para afastar o medo. Venerando o intelecto, sendo visto como inteligente, acabará se sentindo burro, um farsante na iminência de ser desmascarado. E assim por diante.
O insidioso dessas formas de veneração não está em serem pecaminosas – e sim em serem inconscientes. São o tipo de veneração em direção à qual você vai se acomodando quase que por gravidade, dia após dia. Você se torna mais seletivo em relação ao que quer ver, ao que valorizar, sem ter plena consciência de que está fazendo uma escolha.
O mundo jamais o desencorajará de operar na configuração padrão, porque o mundo dos homens, do dinheiro e do poder segue sua marcha alimentado pelo medo, pelo desprezo e pela veneração que cada um faz de si mesmo. (…)”.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Essa muito forte!!!!!

“Pobre, feliz e independente! — tais coisas juntas são possíveis; pobre, feliz e escravo — isso também é possível, e eu não saberia dizer coisa melhor aos trabalhadores da escravidão fabril, supondo que não sintam como vergonhoso ser de tal forma usados, como se fossem parafusos de uma máquina e, digamos, tapa-buracos da inventividade humana. Ora, acreditar que um pagamento mais alto pode remover o essencial de sua miséria, isto é, sua servidão impessoal! Ora, convencer-se de que um aumento dessa impessoalidade, no interior do funcionamento maquinal de uma nova sociedade, pode tornar uma virtude a vergonha da escravidão! Ora, ter um preço pelo qual não se é mais uma pessoa, mas engrenagem! Serão vocês cúmplices da atual loucura das nações, que querem sobretudo produzir o máximo possível e tornar-se o mais ricas possível? Deveriam, isto sim, apresentar-lhes a contrapartida: as enormes somas de valor interior que são lançadas fora por um objetivo exterior! Mas onde está o seu valor interior, se nem sabem mais o que significa respirar livremente?” (Nietzsche, 1881, via “O Livro das Citações”)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Maya Angelou

Em abril, Maya Angelou foi entrevistada por Oprah Winfrey na passagem de seu aniversário, mais de 70. Oprah perguntou o que ela sente diante da velhice que chega. Resposta: 'animada'.
Comentando as mudanças no corpo, disse que há muitas, a cada dia. Como os peitos, que estão competindo um com o outro para ver qual chega primeiro à cintura. A platéia riu de chorar.
Uma das grandes vozes do nosso tempo, Maya Angelou é uma mulher simples, direta, cheia de sabedoria... Alguns exemplos:
Aprendi que aconteça o que acontecer, pode até parecer ruim hoje, mas a vida continua e amanhã melhora.
Aprendi que dá para descobrir muita coisa a respeito de uma pessoa observando-se como ela lida com três coisas: dia de chuva, bagagem perdida, luzes de árvore de Natal emboladas.
Aprendi que, independentemente da relação que você tenha com seus pais, vai ter saudade deles quando se forem.
Aprendi que 'ganhar a vida' (making a living) não é o mesmo que 'ter uma vida' (making a life). Aprendi que a vida às vezes nos oferece uma segunda oportunidade.
Aprendi que a gente não deve viver tentando agarrar tudo pela vida afora; tem que saber abrir mão de algumas coisas.
Aprendi que quando decido alguma coisa com o coração, em geral vem a ser a decisão correta.
Aprendi que mesmo quando tenho dores, não tenho que ser um saco.
Aprendi que todo dia a gente deve estender a mão e tocar alguém. As pessoas adoram um abraço apertado, ou mesmo um simples tapinha nas costas.
Aprendi que ainda tenho muito o que aprender.
Aprendi que as pessoas esquecem o que você diz, esquecem o que você faz, mas não esquecem como você faz com que se sintam.

'Cuidado com os burros motivados'

O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das Aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki — Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

O Sr. citaria exemplos?
Shinyashiki — Quando eu nasci minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
Qual o resultado disso?
Shinyashiki — Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
Por quê?
Shinyashiki — O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.
Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
Há um script estabelecido?
Shinyashiki — Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz?
'Qual é seu defeito?' Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: 'Eu mergulho de cabeça na empresa.
'Preciso aprender a relaxar'. É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?
Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki — Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki — Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki — Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia:
'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki — Exatamente.
A gente não é super-herói nem super fracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso.
Hoje, muitas pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki — Tenho minhas angústias e inseguranças.
Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo.
Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu.. O erro foi meu. Não preciso mentir.
Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki — O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas.
A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amado (a) e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki — A sociedade quer definir o que é certo.
São quatro loucuras da sociedade.
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.
A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe!
Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'.

Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada.
Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

carta de um idoso

Compreenda-me!

Se meu andar é hesitante, minhas pernas trêmulas e minhas mãos também, ampare-me...
Se minha audição não é boa e tenho que me esforçar para ouvir, o que você está dizendo, tenha compaixão...
Se minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me com paciência..
Se minhas mãos tremem e derrubo comida na mesa e no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o melhor que pude.
Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, para não conversar comigo, sinto-me só...
Se você na sua sensibilidade, me vir triste e só, simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário...
Se lhe contei pela terceira vez a mesma história, num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me...
Se me comporto como criança, cerque-me de carinho..
Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajuda-me na preparação do “adeus”...
Se estou doente e sendo um peso, não me abandone nunca”...
Pense nisso e reflita.

Medíocres X Inovadores

“No ambiente de trabalho, assim como na vida comum, a mediocridade é maioria: a maior parte das pessoas não arrisca, não inova, não se compromete, se preocupa o tempo todo em armar-se em sua própria defesa, e nunca se expõe. Passa o tempo atirando pedras sobre aquelas que inovam, que arriscam, que se expõem. Para sorte dos medíocres, os inovadores correm riscos. Às vezes esses riscos se transformam em perda, os inovadores se vão, e os medíocres ficam.

A mediocridade é, também, muito conveniente: não questiona, não ameaça, não põe à prova. Convive facilmente com qualquer situação, e participa de qualquer jogo de poder. Por isso, as pessoas ficam. E ficam também porque sabem que, se forem embora, não vão mais conseguir uma situação semelhante.

A mediocridade está presente em todos os níveis de cada sociedade ou organização. Mantém presença intensa mesmo onde a criatividade e a inovação são elementos básicos, como, por exemplo, nas artes.

Na verdade, ser medíocre é o mais fácil. Como o mato, que cresce onde nada mais nobre foi plantado. E, uma vez crescido, impede o nascimento de qualquer outra coisa. Precisa ser removido por um trabalho externo, para dar lugar a plantação mais produtiva. Com as pessoas não é diferente, mas esse trabalho externo, de remoção, é muito penoso, combatido, porque a mediocridade, ao contrário do mato, reage. E reage a seu modo, trançando teias de amarração por debaixo do pano, minando as ações, lançando pequenas armadilhas, criando obstáculos, e tudo muito nebuloso, pardacento, para que não tenha que ser assumido. E acaba dando certo, porque é pouco freqüente que haja vontade política suficiente para fazer essas remoções a qualquer custo. Eis porque a mediocridade vence. Não é uma vitória justa, bonita. Mas é real, na prática.

Percorra-se todas as empresas comerciais, de serviços, industriais, artísticas etc., e na grande maioria se vai encontrar a mesma situação: a mediocridade implantada, entrincheirada, e histórias sobre profissionais que tentaram isso ou aquilo, e passaram. E não faltará um sorriso irônico na boca de um ou outro medíocre, como a dizer “nós é que sabemos o que é bom ou ruim para esta empresa”. São esses que iniciam a imediata destruição de tudo o que os inovadores fizeram, tão logo conseguem afastá-los de seus territórios. As exceções são empresas em que a inovação encontrou espaço próprio, domesticou a mediocridade, e a utiliza onde não pode ser daninha. Essas empresas são, invariavelmente, bem-sucedidas, e se caracterizam também por não fazer alarde disso.

Medíocres e inovadores são como água e azeite: nunca se misturam. Mas, diferentemente desses dois elementos, não se ignoram: os inovadores se obrigam a sempre incluir a preocupação com os atos dos medíocres em seus planos de ação, e os medíocres estão sempre atentos aos passos dos inovadores para encontrar a chance de colocar cascas de bananas no caminho. Medíocres se aliam a medíocres, e inovadores a inovadores. As ligações dos medíocres, entretanto, são mais perigosas, porque são baseadas em ameaças veladas, do tipo “fica comigo porque senão jogo cascas no seu caminho também”. Para um medíocre, uma casca representa um risco maior do que para um inovador, porque não tem energia para se levantar e prosseguir sem dano moral.

O preço que o medíocre paga é nunca se destacar positivamente. Isso não chega a ser um problema, porque o medíocre não quer ser destaque. Ao contrário, quanto menos notado, melhor. Às vezes, acontece o acidente inverso: o medíocre é pilhado sendo medíocre onde seria necessário inovar. Aí é um vexame, mas acontece pouco e não chega a afetar a maioria.

Não há nenhuma categoria intermediária entre inovadores e medíocres: ou se é inovador, ou se é medíocre. Dentro desses dois grupos existe a divisão em grupos com diferentes graus de honestidade, energia, carisma, inteligência etc., mas permanecem as atitudes básicas.

Não é só em nosso país que existe essa realidade, mas também no dito Primeiro Mundo. Variam as razões de disputa, e os cacifes dos envolvidos, mas as situações se repetem. E, como somos dependentes econômicos de um sem-número de multinacionais, importamos mediocridade também. Recebemos dirigentes, funcionários e decisões tão medíocres que levamos algum tempo para acreditar que é aquilo mesmo, e que não há nada mais a entender.

Qual o destino dos inovadores? Em geral, num primeiro momento, a marginalidade profissional. Depois, os que tiverem sorte acabam encontrando um nicho de trabalho onde a mediocridade está controlada. Outros, com tenacidade, iniciam nichos desse tipo. O restante permanece na marginalidade, ou se bandeia para atuar disfarçado dentro da mediocridade. Essa realidade é perversa, mas é realidade, e é necessário conviver com ela. Inovadores do mundo, uni-vos! Os medíocres não sabem, mas já estão automaticamente unidos pela própria mediocridade. Cabe aos inovadores realizar esforços para mudar essa condição. Este artigo irá provavelmente trazer algum estímulo aos inovadores. Quanto aos medíocres, não irão se ver neste espelho. Mais ainda, irão considerar o artigo vago e inconsistente: “Não sei do que o autor está falando”.

(Roldo Goi Júnior, engenheiro mecânico, em artigo publicado no caderno Empresas de O Estado de S. Paulo em 19/8/1994, via coleção do escritor Renato Modernell).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Henfil

Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. aí sim, a vida de verdade começaria.
Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade. Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho! Assim, aproveite todos os momentos que você tem. E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.
Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo...
Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino.

domingo, 14 de setembro de 2008

Pessoas Estrelas... autor desconhecido

Existe algo mais espetacular e curioso que gente?
Pessoas são Estrelas, e há aquelas que são cometas.

Os cometas passam, as estrelas permanecem.
Há muita gente cometa,passa pela vida da gente apenas
por instantes, gente que não se prende a ninguém,
sem amigos, que passam pela vida, sem iluminar,
sem aquecer, sem marcar presença...

Mas o mais importante é ser Estrela!,
é estar presente, estar junto, ser luz
ser calor, ser vida!
Amigo é Estrela!!!

Podem passar os anos, surgir distâncias, mas a marca
fica no coração, e muitos são cometas por um momento.

Ser cometa, é não ser amigo, é ser companheiro por instantes,
é explorar sentimentos é ser aproveitador das pessoas
e das situações é fazer acreditar, desacreditar ao mesmo tempo,
a solidão é resultado de uma vida cometa...
ninguém fica, todos passam, e a gente também passa pelos outros.

Precisamos urgente, criar um mundo de estrelas,
Poder vê-las, senti-las, todos os dias
e poder contar com elas, sentir sua Luz e calor.

Assim são os amigos...
Luz nos momentos escuros,
Pão nos momentos de fraqueza,
e segurança nos momentos de desânimo,
.!!
É nascer e ter vivido, e não apenas existido.
E você é assim... uma estrela!

Que nossa Amizade continue tão forte e brilhante
como uma estrela...
Aquecendo com seu brilho, nossos corações

Quero voltar a ser feliz... autor desconhecido

Fui criada com princípios morais comuns.
Quando criança, ladrões tinham a aparência de ladrões e nossa única preocupação em relação à segurança era a de que os “lanterninhas” dos cinemas nos expulsassem devido às batidas com os pés no chão quando uma determinada música era tocada no início dos filmes, nas matinês de domingo. Mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos eram autoridades presumidas, dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos, e/ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder deseducadamente a policiais, mestres, aos mais idosos, autoridades. Confiávamos nos adultos porque todos eram pais e mães de todas as crianças da rua, do bairro, da cidade. Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror.
Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos. Por tudo que meus netos um dia temerão. Pelo medo no olhar de crianças, jovens, velhos e adultos. Matar os pais, os avós, violentar crianças, seqüestrar, roubar, enganar, passar a perna, tudo virou banalidade de notícias policiais, esquecidas após o primeiro intervalo comercial. Agentes de trânsito multando infratores são exploradores, funcionários de indústrias de multas. Policiais em blitz são abuso de autoridade. Regalias em presídios são matéria votada em reuniões. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Pagar dívidas em dia é bancar o bobo, anistia para os caloteiros de plantão. Não levar vantagem é ser otário.
O que aconteceu conosco? Ladrões de terno e gravata, assassinos com cara de anjo, pedófilos de cabelos brancos. Professores surrados em salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Crianças morrendo de fome! Que valores são esses?Carros que valem mais que abraço, filhos querendo-os como brindes por passar de ano. Celulares nas mochilas dos recém saídos das fraldas. TV, DVD, vídeo-games...O que vai querer em troca desse abraço, meu filho? Mais vale um Armani do que um diploma. Mais vale um telão do que um papo. Mais vale um baseado do que um sorvete. Mais valem dois vinténs do que um gosto. Que lares são esses? Jovens ausentes, pais ausentes. Droga presente. E o presente? uma droga! O que é aquilo?Uma árvore, uma galinha, uma estrela, ou uma flor? Quando foi que tudo sumiu ou virou ridículo? Quando foi que esqueci o nome do meu vizinho? Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, calçado, sem sentir medo? Quando foi que me fechei? Quero de volta a minha dignidade, a minha paz. Quero de volta a lei e a ordem.Quero liberdade com segurança! Quero tirar as grades da minha janela para tocar as flores! Quero sentar na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão. Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha, a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olho no olho. Quero a esperança, a alegria. Teto para todos, comida na mesa, saúde a mil. Quero calar a boca de quem diz: “a nível de”, enquanto pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”! E viva o retorno da verdadeira vida, simples como uma gota de chuva, limpa como um céu de abril, leve como a brisa da manhã! E definitivamente comum, como eu. Adoro o meu mundo simples e comum. Ter o amor, a solidariedade, a fraternidade como base. A indignação diante da falta de ética, de moral, de respeito... Vamos voltar a ser “gente”? Discordar do absurdo. Construir sempre um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Não......se você e eu fizermos nossa parte e contaminarmos mais pessoas, e essas pessoas contaminarem mais pessoas......hein? Quem sabe?...

Luis Fernando Veríssimo

"Acho a maior graça. Tomate previne isso,cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere... Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde. Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos. Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias. Brigar me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago. Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. E telejornais... Os médicos deveriam proibir - como doem! Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde! E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda! Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna. Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau! Cinema é melhor pra saúde do que pipoca! Conversa é melhor do que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Pergunta é melhor do que dúvida. Sonhar é melhor do que nada!"

O Papa em Auschwitz - Henry I. Sobel

Encerrando sua viagem de quatro dias à Polônia, o papa Bento XVI fez uma visita carregada de emoção ao antigo campo de concentração nazista de Auschwitz. O próprio papa disse que fazer tal visita era "estarrecedor" para ele, como cristão e alemão, mas não podia deixar de fazê-la. Num gesto de grande sensibilidade, o papa optou por falar em italiano, e não em sua língua materna, o alemão, a fim de não ferir os sentimentos dos judeus, para quem a língua alemã está inextricavelmente associada aos horrores da era nazista.
Ao rezar durante uma cerimônia religiosa em memória das vítimas do Holocausto, o papa perguntou, com a voz embargada: "Por que, Deus, o Senhor se calou? Como pôde tolerar tudo isso? Onde estava o Senhor naqueles dias?"
Quando nos deparamos com o mal e a tragédia no mundo, é natural perguntarmos: onde está Deus? Como Ele pode deixar que tal coisa aconteça? A meu ver, porém, não são estas as perguntas primordiais. O que nos devemos perguntar não é onde está Deus, mas, sim, onde está o homem. Não como pode Ele, Deus, permitir que tais coisas aconteçam, mas, sim, por que ele, o homem, permite que essas coisas aconteçam. O que é que o ser humano tem feito para impedir as barbaridades?
O biógrafo de Sigmund Freud conta o caso de um importante cirurgião vienense que, ao se encontrar com Freud pela primeira vez, num corredor do hospital onde ambos trabalham, lhe mostrou um osso corroído pelo câncer, testemunho de uma vida que ele tinha sido incapaz de salvar, e lhe disse sentir-se profundamente magoado: "Sabe, doutor Freud, se algum dia eu me encontrar frente a frente com Deus, vou sacudir este osso em Sua face e perguntar-Lhe por que Ele permite uma doença destas." E Freud respondeu-lhe: "Se eu, algum dia, tiver essa oportunidade, vou formular a queixa de um modo diferente. Não vou indagar por que Ele permite o câncer, e sim por que Ele não deu a mim, ou ao senhor, ou a qualquer outra pessoa, a inteligência para descobrir a cura desta doença."

Antes de perguntarmos "onde está Deus", cabe-nos formular a outra pergunta: "Onde está o homem?" O que está fazendo o homem com o mundo que Deus lhe deu?

A 2ª Guerra Mundial e os campos de concentração constituem o maior desafio à teologia em nossa época. Creio que todas as religiões deveriam rever seus conceitos, tendo em vista o que Auschwitz e Treblinka nos ensinaram sobre Deus e o homem.

Quando Hitler proclamava publicamente sua perversa política racial, por que as pessoas concordaram em aceitá-lo como líder? Onde estava o homem quando os eleitores da Alemanha disseram: "Antes Hitler, com suas idéias esquisitas sobre os judeus, do que a inflação ou o socialismo"? Onde estava o homem quando Hitler subiu ao poder e começou a concretizar suas loucas ameaças? Onde estavam os advogados, os juízes, os médicos e tantos outros que seguiram e apoiaram passivamente os decretos de Hitler?

Se os advogados tivessem lutado pela dignidade de sua profissão, se os juízes tivessem defendido a justiça, se os médicos se tivessem importado com a vida humana, não haveria necessidade de perguntar mais tarde: "O que houve com Deus?"

Onde estava a Igreja? Onde estavam as autoridades eclesiásticas, tão prontas para exaltar a santidade da vida humana, enquanto milhões e milhões de vidas inocentes estavam sendo aniquiladas? Onde estavam os líderes dos governos aliados que deram um jeito de olhar para o outro lado e não conseguiram encontrar um canto em seus países para os judeus refugiados? Temos, certamente, o direito de perguntar onde estava Deus em 1940, mas temos o dever de perguntar, antes, onde estava o homem em 1940. O que poderia ele, homem, ter feito para impedir o inferno do Holocausto... e não fez?

Existe uma lenda sobre um rabino que se preparava para viajar de Israel para Roma. Na noite anterior à sua partida, ele teve um sonho no qual viu um mendigo esfarrapado sentado às portas de Roma. No sonho, ele ouviu uma voz que lhe dizia: "Vê este homem? Este é o Messias vestido de mendigo." O rabino acordou e não conseguiu mais esquecer o sonho. Continuou a pensar nele durante toda a viagem. Finalmente, ao aproximar-se de Roma, avistou um homem maltrapilho, sentado exatamente no local que havia visto no sonho. O rabino chegou-se a ele e questionou: "É verdade que você é o Messias?" E o homem respondeu: "Sim." O rabino, então, perguntou: "O que é que você está fazendo às portas de Roma?" E o homem replicou: "Estou esperando." Ao que o rabino retrucou: "Esperando?! Num mundo tão cheio de miséria, ódio e guerra, num mundo onde o povo de Israel está disperso e oprimido, num mundo onde existem crianças famintas, você está aqui, sentado, esperando?! Messias, pelo amor de Deus, o que é que você está esperando?" E o Messias respondeu: "Tenho esperado por você, para poder lhe perguntar, em nome de Deus, o que é que você está esperando."

A visita do papa Bento XVI a Auschwitz, no domingo, o fez reviver um capítulo muito doloroso da História humana. Diante das lápides simbólicas naquele local em que ocorreu o maior massacre de todos os tempos, o papa sentiu a necessidade de perguntar onde estava Deus enquanto a bestialidade nazista agia impune.

Com todo o respeito, permito-me responder ao Sumo Pontífice: Deus estava onde sempre esteve, esperando que os homens assumissem o seu dever.
Henry I. Sobel, rabino, é presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista e coordenador da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Fome de amor! Arnaldo Jabor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão" (já citei essa frase em uma
crônica antiga, mas ela sempre volta)!
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra
notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas
recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e
transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas
e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance ", incrível.
E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho
sem necessariamente ter que depois mostrar performances sexuais dignas
de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois
saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples
que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde
que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no
site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!" "Eu sou pra casar!" até a desesperançada
"Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de
solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos,
plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a
cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o
solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas
bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de
frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio,
démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos
fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja
frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai
descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e
cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!),
aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte
a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que
se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno
demais, pra quê pensar nele.
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma
advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o
que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o
vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me
aventurar a dizer pra alguém: vamos ter bons e maus momentos e uma
hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois vão querer pular fora,
mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me
arrepender pelo resto da vida.
Antes idiota que infeliz!
Pense bem nisso que aí está.

Sawabona Shikoba- Flávio Gikovate

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.
O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único.Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.
Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

Caso tenha ficado curioso (a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer:
"EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é :
"ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ".