quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Passar – Olegário Mariano

Retive em minhas mãos a volúpia das tuas
E na boca, o sabor do beijo invulgar...
No céu passaram sóis e declinaram luas
A fiandeira do tempo envelheceu a fiar
Senti na minha pele a caricia abrasada da tua;
A ultima paz do sol crepuscular
Tudo passou como os viandantes pela estrada
Só o amor não passa e nunca há de passar
Passam as andorinhas
Passa o vento esfrolando num beijo a alva espuma do mar
Passam as horas na avidez dos movimentos
Tudo nasceu cresceu viveu para passar
Só o amor penetrando as mais fundas entranhas
do ser humano continua a germinar
O amor não passa, tem a vida das montanhas...
O amor é eterno como as montanhas do mar ...
Eu sim, eu passarei, e nos meus dias sombrios...
Não há de ficar sequer, um risco de asa no ar...
Passar é sorte efêmera dos rios, o destino das caravanas é passar...
Eu sim, eu passarei, para ser na emoção dos estantes finais...
Um pensamento do teu pensamento, um corpo do teu corpo e nada mais.

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